Promenades avec mon Maitre

Commentaires sérieux, observations ironiques et autres remarques curieuses d'un petit chien à l'égard de son maître-promeneur... Mon nom?: Yury Palazzo de Almeida Profession: promeneur des paresseux...

sábado, 13 de fevereiro de 2010

3) Mon maitre est trop occupe...


Com perdão do próprio, mas sem pedir licença, tenho de reclamar da atitude do meu passeador habitual, sim, esse que escreve meus pensamentos apenas porque tem dedos, em lugar de uma pata desajeitada como a minha.
Ele anda muito relapso com este local de reflexões e pensamentos esparsos. Apenas porque teve muito trabalho nos últimos meses, descurou por completo de anotar minhas contribuições à filosofia mundial, e ao bem-estar da humanidade, concentrando-se nos seus muitos blogs, escritos e site.

Certo, ele ainda costuma passear comigo à noite, mas muitas vezes sou eu quem tem de cobrar esse paseio noturno, arranhando sua porta -- sim, ele se tranca no escritorio, quando pretende trabalhar sem interrupções -- ou subindo na sua barriga quando está lendo no sofá da sala. Ele então consente em sair comigo, para nossa volta habitual na quadra, geralmente noite avançada e paz completa nas redondezas, oportunidade que aproveitamos para trocar alguns dedos de prosa, refletir sobre o mundo que nos cerca (por vezes nos atinge, literalmente) e para formular e conceber novos trabalhos e esforços de reflexão sobre tudo o que nos interessa.

E o que é que nos interessa?
Bem, de meu lado, eu apenas gostaria de que o mundo fosse melhor do que é, com mais ossos bem distribuídos por ai, com água fresca cada vez que volto do passeio, comida razoável (de preferência presunto), e bastante carinho e brincadeiras, que é o que eu gosto de fazer.
Meu mestre -- na verdade, ele não é meu mestre, que isso eu não aceito, consoante meu natural canino-anárquico -- é mais dado a reflexões abstratas, e suponho que pretenda salvar o Brasil dele mesmo, do Brasil, quero dizer, não dele, meu passeador.

Em todo caso, temos pensado muito no Brasil, num ano de escolhas decisivas, e constatamos, ambos, como o país anda inutilmente dividido entre clãs e faccções rivais, cada um pensando no seu interesse próprio, sem uma noçnao do que seja melhor para a nação em seu conjunto. Com perdão da expressão, os dois partidos principais brigam como cães e gatos, sem possibilidade de conciliação ou acerto em torno de um programa de reformas, que ambos dizem pretender fazer.
O problema é que, como não se entendem, ficam se aliando, cada qual de seu lado, às forças mais retrógradas da política nacional, os mais fisiológicos e prebendalistas, aqueles que seriam capazes de matar por um osso (no serviço público), algo que nem eu seria capaz de fazer.

Enfim, vou recomendar a meu mestre que ouça mais música no seu iPod, em lugar desses podcasts de economia ou de política, que só lhe dão comichões no cérebro, e o fazem precipitar-se no computador cada vez que voltamos para casa.

Ele precisaria espairecer, ficar mais leve, livre e solto.
Acho que vai ocorrer, mas ouvi dizer que vai me abandonar por uns meses, e ir para um lugar onde comem carne de cachorro, que coisa horrível!
Vou sentir falta dele, dos nossos passeios e das nossa reflexões conjuntas. Afinal de contas, a despeito de meu foco concentrado em poucas coisas simples, acredito que eu lhe trago boas reflexões e ajudo ao manter sua (boa?) forma física.
Ele anda pessimista com os destinos do país.
Precisaria aprender a ser um otimista contumaz, como eu mesmo...

Yuru (13.02.2010)

terça-feira, 9 de junho de 2009

2) Ufa, demorou esse meu dono para colocar minha foto


Sim, sou eu, Yuri em pessoa, embora meus olhos tenham sido afetados pelo flash, dando essa impressão de não sei o quê. Na realidade, sou bem mais doce...

Só posso classificar como preguiça, ou desdém, da parte dele, mas esse que se pretende meu mestre me deixou seis meses no limbo, sem escrever uma única linha em torno de nossas conversas, mantidas invariavelmente quase toda noite, quando eu o levo para passear em torno da quadra.
Verdade que ele andou um bocado ocupado, nos estudos, na preparação do que ele pretende venha a ser mais um livro de pesquisa, em viagens e outros afazeres. Sim, ele me abandonou por mais de um mês, quando foi "estudar" nos EUA (as aspas são porque eu desconfio que ele mais viajou do que estudou, mas deixemos isso de lado).
Retomamos o ritmo das incursões noturnas desde o início de maio, aproximadamente, mas desde então ele não tem encontrado tempo para sistematizar nossas conversas peripatéticas.
Em todo caso, ele prometeu colocar minha foto, como apresentação aos curiosos. Aqui acima está ela. Mas tenho outras, a escolher ainda.

Tenho tentado aconselhar o meu mestre a abandonar todos esses pequenos artigos que ele escreve para revistas inexpressivas e palestras que faz em faculdades aqui e ali, para concentrar-se no essencial, na redação do seu livro, mas ele não me ouve. Ou melhor, ouve e atende quem lhe faz esses convites. Preciso ensinar-lhe a dizer não, pois a vida é feita de prioridades e escolhas, e quando escolhemos as secundárias, as principais ficam irremediavelmente de lado.
Eu, por exemplo, sou uma prioridade, mas ele nem sempre me considera assim. Forço-o toda a noite a sair do computador, a caminhar um pouco, em torno de uma hora, para ver se ele faz pelo menos um pouco de exercicio, mas nem sempre ele me atende. Fica grudado no computador ou em jornais e livros, indiferente a meus apelos para sair.
Tenho de encontrar uma maneira mais eficaz de obrigá-lo a sair...
Brasilia, 9 de junho de 2009

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

1) Présentation, nom d'un chien!

Bon jour...
Olá! Meu nome é Yuri. Sobrenome: Palazzo de Almeida (mas isto não é oficial, pois não tenho registro de nascimento, passado em cartório, apenas um certificado de vacinação, que me serve de identidade). Sou um yorkshire, de aproximadamente dois anos no momento em que começo a escrever estas linhas.
De imediato, corrijo o nome deste blog -- sobre o qual possuo apenas controle indireto, uma vez que tenho de pedir ao meu mestre (sort of) para dedilhar estas minhas instruções -- que o meu "passeador" costumeiro pretende fazer em minha intenção. Pelo menos, ele diz pretender registrar minhas reflexões sobre o mundo, sobre o Brasil, e até sobre ele mesmo (e provavelmente ele fará alguns outros registros sobre mim, sem que eu possa controlar inteiramente o que ele vai escrever).
A rigor, ele não é o meu mestre (que parece se tomar por um novo philosophe), mas apenas o meu acompanhante.
Meu mestre, ou melhor, minha dona, é a filha deste que pretende escrever por mim, Maíra Palazzo de Almeida, uma simpática pós-adolescente, universitária cheia de sonhos, que ama muito os animais -- a ponto de ter pretendido ser veterinária, e que depois desistiu ao descobrir como as faculdades de veterinária tratam mal os animais --, que me adora, mas que, como todo jovem nessas circunstâncias, passa mais tempo na faculdade, fazendo trabalhos com as amigas, com o namorado, e quase não tem tempo de sair comigo.
Ela "deixa", portanto, seu pai -- este que se intitula meu mestre, o que é de verdade uma grande pretensão -- assumir a maior parte do tempo os encargos diários que possam contemplar minhas necessidades peculiares, de fato extremamente moderadas. Ele sai comigo, ou melhor, me acompanha, pois eu o levo para onde quero. Ele tem tanta confiança em mim, que já me passeia sem coleira e algumas vezes me deixa solto, por ai, sabendo que eu voltarei correndo, inapelavelmente, após alguns momentos de randonnée (para os que não sabem francês, eu recomendaria um pequeno dicionário Larousse, que dá para quebrar o galho).
Devo reconhecer que o meu acompanhante é bastante cordato comigo, até mesmo compreensível com minhas necessidades fisiológicas e até filosóficas: todos os seres vivos adoram a liberdade, ele deve saber.
Assim, depois de certo tempo no laço -- provavelmente preocupado que eu me perdesse por aí, que fosse atropelado por algum carro, triturado por um desses mastins que por vezes andam soltos, ou que eu saísse correndo atrás de alguma demoiselle cheirosa, ele acabou rendendo-se às evidências e, certo de meu natural tranquilo, concedeu-me agora o direito de me deixar inteiramente livre. Eu, como todo ser consciente, prezo muito minha liberdade e mobilidade.
Depois de uma ou outra escapada inicial, ele já não se preocupa tanto comigo, pois sabe que eu voltarei ao cabo de alguns minutos de passeios por "terras incógnitas".
Com isso, aliás, ele tem mais tempo de sentar-se num banco, fazer mais algumas reflexões philosophiques, e transcrever suas revêries para o caderninho de notas que ele sempre carrega no bolso, junto com uma caneta e o iPod ou o fone do rádio-telefone.

Enfim, como saímos muito juntos, e acumulamos diversas reflexões sobre a vida, o país e as pessoas que o habitam, e até alguns pensamentos sobre o mundo e seus problemas, eu decidi que seria interessante que ele pudesse registrar os MEUS pensamentos, que transmito a ele por telepatia.
Ele acolhe meus argumentos com prazer, tanto porque ele também é dado a esse tipo de reflexão, que registra cuidadosamente em seus caderninhos de notas, ou transcreve depois para os seus blogs, ou para os muitos trabalhos que escreve no computador (enquanto eu fico deitado ao lado de sua mesa de trabalho).
Creio que ele é um bom promeneur, por isso lhe dou essa chance de recolher minhas divagações feitas ao longo de nossos itinerários diários, geralmente feitos noite adentro, quase de madrugada, quando o bairro está tranqüilo e aqueles cachorros chatos já não perturbam mais o meu caminho.
Vou registrar algumas idéias, sendo que eu detenho o copyright exclusivo pelas idéias e argumentos aqui expostos, meu passeador sendo apenas retribuído pela sua tarefa de digitador com meu carinho e a atenção que lhe devoto, fazendo-lhe companhia no decurso de suas longas noites de trabalho no computador.
Espero que ele seja fiel ao que verdadeiramente penso, pois não tenho muito jeito com o teclado de computador, sendo já dificil eu manipular textos escritos ou na tela (minha visão distingue pouco as cores).
Sou um ser reflexivo e altamente racional. Creio que meu passeador também.
Acho que vamos nos entender bem na continuidade destas anotações iniciais, e ao longo dos próximos anos.
Até a próxima!
(Brasília, 6 de novembro de 2008)